NEY FRANCO QUEBRA SILÊNCIO E CRITICA DURAMENTE ROGÉRIO CENI
Demitido do São Paulo há um mês,
Ney Franco quebrou o silêncio. Nesta terça-feira, em entrevista ao jornal ‘O
Globo', o ex-treinador do clube do Morumbi desabafou sobre a conturbada saída.
Ao periódico, o campeão da Copa Sul-Americana de 2012 disparou contra Rogério
Ceni, a quem acusou de participar diretamente da política do clube, indicando
jogadores e 'fritando' outros, como o zagueiro Lúcio e o meia Paulo Henrique
Ganso.
"Sem dúvida. (Rogério Ceni)
Extrapolou o limite. Até participa da vida política do clube, há uma disputa
por seu apoio político. Ele tem consciência do que representa. Em 2013, não
tive nele o capitão de que precisava. Havia a preocupação de quebrar marcas
individuais", acusa Ney Franco, antes de detalhar a participação do
goleiro no ambiente interno.
"Até em contratações: se
chega um nome que é do interesse dele, ele fica na dele; se não é, reclama nos
corredores. E isso chega aos contratados, como Ganso, Lúcio. E eu, como
técnico, ficava no meio disso", declarou Ney Franco, que desacredita no
sucesso de um atleta sem o 'aval' de Rogério Ceni.
"Ganso chegou num
ambiente... Percebeu claramente as coisas. Chegou ao ouvido dele. Havia uma
fritura por trás e pode atrapalhar. Nos corredores, era o que se escutava, que
quando Ganso jogava o time tinha um jogador a menos (...) Se está bom para o
Rogério, este profissional vai bem. Se não, se chega um profissional que ele
não concorda, a tendência é ser minado. E nos dois últimos meses de trabalho eu
sabia que havia interesse de parte do grupo na minha saída. Depois, Rogério
disse que meu legado no clube foi zero", atacou o ex-treinador.
Para se defender das críticas,
Ney Franco se apega ao ano de 2012. Sob o comando do agora desafeto de Rogério
Ceni, o clube do Morumbi encerrou um jejum de quatro anos sem taças na Copa
Sul-Americana. "Quando cheguei, Jádson e Osvaldo cresceram. O Lucas teve
um boom e foi negociado. E subi jogadores", defende-se o ex-comandante
são-paulino.
Após o troféu continental em
dezembro passado, Lucas deixou o clube tricolor, e o São Paulo não repetiu as
mesmas atuações da última temporada. Neste ano, sem resultados expressivos, o
clube do Morumbi entrou em uma crise pouco vivida nos últimos anos. Problemas
de relacionamento entre Ney Franco e Rogério Ceni, que eram apenas boatos,
acabaram confirmados pelo antigo treinador.
"Ele (Rogério) direcionou de
uma forma que, se o São Paulo não der certo na temporada, eu sou culpado. Se
der certo, é porque chegou outro treinador e consertou. O time era quinto
colocado quando saí. E não é verdade que estava mal fisicamente. Tenho os
dados. E alguns jogadores que estão no clube me ligaram, dizendo que não
concordam com a forma como as coisas aconteceram, como estou sendo tratado. Mas
têm medo da forma como Rogério lida", contou.
"Talvez pelo problema que
tivemos. Não sei se ele leva isso até hoje. O tempo dirá quem está certo.
Fechamos bem o ano (2012), ele na dele, e eu fazendo o meu trabalho com
respeito. Só que, a cada turbulência, esse assunto voltava. Não sei se ainda
mexia com ele", disse, um ressentido Ney Franco.
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