AS PERIPÉCIAS DE UM NARRADOR ESPORTIVO
Por Leandro Massoni
A vida de um narrador de
futebol não é fácil e muito menos simples do que se possa imaginar. Para ser um
bom narrador, é necessário saber como criar todo um cenário apropriado de uma
partida de futebol, onde tenham momentos mais tensos, empolgantes e dramáticos.
Até mesmo o gol, quando gritado, na maioria dos casos, e não necessariamente narrado,
tem lá seu ímpeto para chamar a atenção do ouvinte e fazê-lo delirar de alegria
ou raiva, isso se for um tento a desfavor de seu time.
Agora, em uma cobertura
esportiva, é comum pensarmos: narrador deve ter uma vida mansa, tranquila. Tem
ar condicionado para se refrescar, lanches e petiscos diversos, além é claro de
outras mordomias e confortos. Pois bem, nem sempre dá para se basear apenas nos
profissionais dos grandes conglomerados da mídia, uma vez que eles, na maioria
dos casos, passam por inúmeras enrascadas, chegando inclusive a fazer o
acompanhamento dos jogos de maneiras inusitadas, ou seja, sem a estrutura
necessária para o seu melhor desempenho.
Nos estádios, é muito
comum o narrador junto com a equipe de esportes de determinada emissora de
rádio (que é de onde provem a maior parte desses casos) se deparar com o fato
de que a cabine de imprensa localiza-se próxima a área destinada a torcida da
casa. A abordagem dos torcedores, muitas vezes ofensiva e violenta em alguns
momentos, geram desconforto e instabilidade ao próprio narrador para prosseguir
com seu expediente. E quando chega a hora de soltar o grito de “gol" do
time visitante, é um verdadeiro suplício. Se não for igual ao da casa ou até
mais forte, conforme a intensidade narrada na jogada, acaba provocando a ira
absurda dos torcedores rivais, que chegam a cometer atos contra a equipe
esportiva e agressões verbais, e em certas ocasiões, físicas.
Além de narrar próximo a
torcida visitante, que é feroz e agressiva com a imprensa por inúmeros motivos
explicáveis e também sem razão alguma, a cabine de transmissão não deixa de ser
uma dor de cabeça. A péssima visibilidade do campo, além das falhas de saída
para outros lugares, chega a tirar o narrador do sério, mas nada melhor do que
o equilíbrio e a busca pela paz interior para conseguir encarar essa situação.
A grande parte dos profissionais de rádio afirmam que a maioria dos estádios
possuem espaços insuficientes para a acomodação dos equipamentos necessários e
da equipe técnica. Além disso, ir ao banheiro durante os “intervalos
comerciais” chega a ser uma aventura e tanto, pois sem muito apelo à segurança,
que também é um dos pontos falhos a serem citados, muitos narradores tendem a
passar no meio da torcida correndo sério risco de danos.
A informação deve andar
sempre atrelada ao comunicador. Isso é imprescindível. Mas quando a equipe ou o
serviço de assessoria de imprensa responsável por confirmar as escalações dos
times, juízes que vão apitar, entre outros dados técnicos, simplesmente falha?
Daí vai do improviso do narrador para saber como melhor contornar esse
problema. Às vezes, é preciso se precaver, se baseando antes nos jornais e na
internet para informar pelo menos o parecer do jogo.
Agora, todos sabemos (e
para quem não sabe), a água é um dos elementos fundamentais para o narrador,
pois a hidratação está relacionada ao melhor desempenho do profissional durante
a transmissão de uma partida. Mas em vários casos, o fato de entrar com uma
garrafa plástica gera conflitos com a organização do estádio, que determina a
proibição de torcedores carregando não apensas isso, mas também latas de
cerveja, suco, entre outras. Mas dessa forma, fica difícil de entender. Tudo
bem, a torcida deve ser vetada nesse aspecto, mas agora o comunicador e a
equipe? Realmente, não há explicação, ainda mais quando a administração do
local do jogo não tem o costume de entregar água a imprensa. Vida sofrível
essa.
E no final de uma
partida, quando os narradores saem logo depois do final do jogo, muito tarde e
nada favorável, onde há segurança? Esse tópico volta a ser comentado, pois o
fato é que não está em jogo apenas a vida do profissional, mas também de toda a
equipe técnica e seus equipamentos, que correm o risco de serem agredidos ou
assaltados. Mas isso depende muito do local, intensidade do jogo e da fama dos
torcedores, que na minha opinião, nesse sentido, chegam a se passar como
vândalos. Contudo, todo cuidado é pouco e é sempre aconselhável a equipe de
esportes ter sua própria segurança.
Pois bem, não é tão
fácil ou simples assim a vida de um narrador e sua equipe, que muitas vezes é
cercada por peripécias e demais casos de tirarem do sério qualquer profissional
de dessa área. Tudo isso serve para esclarecer as dúvidas de quem está do lado
de fora e mal sabe o quanto eles sofrem. Mas claro, isso não significa que o
sonho de um dia narrar e fazer partes de transmissões esportivas deve ser abortado.
Todo o comunicador tem seus desafios e não vão ser essas adversidades que vão
atrapalhá-los de realizar seu expediente e manter viva sua missão de transmitir
a informação ao seu público.
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