DOIS GOLS CONTRA E EMPATE DECRETADO NOS MINUTOS FINAIS ENTRE INTER E PALMEIRAS
Estranhos são os jogos em que cada time marca um gol contra. Mais estranho ainda é pensar que um deles foi o mais bonito entre os quatro marcados no empate por 2 a 2 entre Inter e Palmeiras, no Beira-Rio, neste domingo. Márcio Araújo concluiu colocado, de lado de pé, no ângulo, fora do alcance de... Marcos! Rodrigo também pôs a bola na própria rede, enquanto Luan e Leandro Damião seguiram a ordem natural das coisas e marcaram a favor de seus times.
O Palmeiras segue bem no Brasileirão. E os gaúchos não engrenam. Tudo aconteceu no segundo tempo, depois de uma etapa inicial muito parelha. O gol contra de Márcio Araújo colocou o Inter na frente, mas os palmeirenses buscaram a virada - em grande parte por culpa do sistema defensivo vermelho. Leandro Damião, quase no fim do duelo, empatou.
O time de Felipão, com o empate, foi para a terceira colocação, com oito pontos. O Inter, com cinco, está afastado das primeiras posições - ocupa a 12ª. As duas equipes voltam a campo no domingo. O Palmeiras recebe o Avaí, e o Colorado visita o Coritiba.
Houve momentos no primeiro tempo em que 20 dos 22 atletas em campo bem que poderiam dar no pé e deixar o gramado apenas para Renan e Marcos Assunção. O Beira-Rio pareceria cenário daqueles filmes de faroeste, com dois homens frente a frente, se olhando nos olhos, sem piscar, cada qual com suas pistolas: as chuteiras para o palmeirense, as luvas para o colorado.
Foi o reencontro entre eles. No ano passado, o volante fez dois gols de falta no goleiro. Mas o Velho Oeste do Beira-Rio foi diferente desta vez. Nos quatro tiros, Renan foi mais ágil. Marcos Assunção mandou duas de falta: uma no ângulo, outra em pancada em diagonal. E o goleiro espalmou ambas. O palmeirense também mandou duas cobranças de escanteio que costumam cheirar a morte para o time adversário. E o goleiro conseguiu se contorcer, feito homem-elástico, para evitar os gols olímpicos.
Renan venceu Marcos Assunção em 45 minutos de equilíbrio no Beira-Rio. Cada time teve pelo menos quatro boas chances de gol. O Palmeiras, com Adriano no time e Wellington Paulista no banco, deixou em surto o lado direito da defesa vermelha. Fez o que bem entendeu por ali. O Inter reagiu com D’Alessandro aberto pela esquerda e Oscar esparramado para a direita.
Leandro Damião foi figura ativa no ataque vermelho. E Kleber no setor ofensivo alviverde. O camisa 9 do Inter mandou chute de fora, arriscou de cabeça, fez parede para pancada de D’Alessandro. Mas o lance mais impressionante foi em cruzamento de Oscar. O centroavante voou em diagonal contra a bola, como se fosse um foguete disparado rumo ao espaço. Ele cabeceou, e a bola saiu: mas há quem diga que Damião já deixou a órbita terrestre, em trajetória para sabe-se lá onde.
Kleber também incomodou. Brigou por cada centímetro de gramado como se fosse terra sagrada. Ele deu passe precioso para Luan dar de cara com Renan, pertinho do gol, mas sem ângulo. No cruzamento, Rodrigo cortou. O atacante também teve sua chance. Recebeu em profundidade, só que desequilibrado, e aí não concluiu do melhor jeito.
Os colorados deixaram a etapa inicial revoltados com a arbitragem. Em rápido contra-ataque, Zé Roberto acionou Damião, que avançaria livre para a área. Mas a arbitragem marcou impedimento do centroavante. Paulo Roberto Falcão deu pulos na beira do campo, fazendo gestos de "não", falando quase dentro do ouvido do bandeirinha. O Palmeiras, em contrapartida, resmungou dos cartões recebidos na etapa.
Márcio Araújo não mandou flores para a bola, não declamou poemas ao pé do ouvido dela, não ofereceu a ela um jantar à luz de velas. Faltou romantismo na relação entre ele e sua eterna companheira no Dia dos Namorados. É a única explicação lógica para a vingança da redonda neste domingo. A relação entre eles foi estremecida por um golaço. Contra...
Foi um lance quase sobrenatural. Oscar, pela esquerda, mandou cruzamento na área. Leandro Damião encaixou o corpo para mandar o chute. Márcio Araújo roubou a ideia do centroavante. Ele mesmo emendou a pancada: precisa, direta, indefensável, no ângulo de Marcos. Não tinha como acreditar naquilo...
Mas o Palmeiras teve que crer. E logo assimilou o golpe. E logo empatou. Quando a bola foi alçada na área vermelha, jogadores das duas equipes se enrolaram. E a bola, tocada pelo colorado Rodrigo, acabou entrando. Renan ainda espalmou, mas não o suficiente para evitar o gol. Detalhe: a cobrança foi de Marcos Assunção, aquele do duelo do primeiro tempo com o goleiro.
Dos males, o menor para o Palmeiras. E depois o bem. A derrota virou empate, que virou vitória - momentânea, porém. Luan apareceu bem pela esquerda e mandou chute cruzado, mesmo com pouco ângulo. Renan não conseguiu evitar que a bola passasse. Era a virada paulista.
O Inter tentou reagir com as entradas de Gilberto e Fabrício. Os colorados botaram pressão para cima do adversário, especialmente com cruzamentos para a área. E tiveram sucesso. Aos 45 minutos, Leandro Damião conseguiu desviar e garantiu o empate colorado no Beira Rio.
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