1X1 RUIM PARA AMBOS OS LADOS

Ronaldo estava louco para melhorar seu retrospecto diante da torcida que passou a odiá-lo. Do outro lado, Diogo era a imagem da angústia pelo longo jejum de gols. Com o Fenômeno brilhando na etapa inicial e o atacante rubro-negro oportunista no segundo tempo, Flamengo e Corinthians empataram em 1 a 1 na noite desta quarta, no Engenhão. Pouco para o Flamengo, que se manteve em 13º, ainda ameaçado de rebaixamento, e menos ainda para o Timão, que perdeu a chance de ser líder. A equipe subiu para o segundo lugar. Mas pode ver a distância para o líder passar a três pontos caso o Fluminense vença o Grêmio nesta quinta. O Tricolor tem os mesmos 54 pontos que Corinthians e Cruzeiro, terceiro colocado. O time mineiro joga no sábado, às 18h30m, contra o lanterna Prudente.




Já o Flamengo pode terminar a rodada a apenas dois pontos da zona de rebaixamento, caso Atlético-GO, Guarani, Atlético-MG e Vitória ganhem de, respectivamente, Ceará, Avaí, Botafogo e Vasco.

Na próxima rodada, o Corinthians enfrenta o Avaí, quarta-feira, no Pacaembu. No mesmo dia, o Flamengo vai ao Castelão pegar o Ceará. As duas partidas serão disputadas às 21h50m.

Ataque 3D é ofuscado pela dupla de erres na etapa inicial

O técnico Vanderlei Luxemburgo tentou surpreender Tite mudando o 4-4-2 que adotara em seus primeiros quatro jogos nesta volta ao Flamengo. O treinador apostou no trio ofensivo formado por Diogo, Diego Maurício e Deivid. Mas o ataque 3D não começou bem. Deu defeito demais. Por um lado, o Corinthians se viu obrigado a recuar seus volantes. Mas a equipe de Tite encontrava bons espaços quando roubava a bola, criando dificuldades principalmente para Renato, Maldonado e Ronaldo Angelim, os mais rodados da defesa rubro-negra. A solução, na maioria das vezes, era apelar para as faltas. Maldonado recebeu amarelo por um carrinho duro em Bruno César, aos 14 (é o terceiro do chileno, que não enfrenta o Ceará). Dois minutos depois, Ronaldo Angelim agarrou Ronaldo pelas pernas e também poderia ter sido punido. Na cobrança da falta, Roberto Carlos soltou uma bomba perigosa. Pouco antes, aos oito, Ronaldo já havia deixado Ralf na cara do gol com um passe precioso. Marcelo Lomba salvou. Vanderlei não gostava do que via em seus primeiros minutos contra o Fenômeno e o lateral-esquerdo juntos na mesma equipe. Seus grandes amigos estavam sedentos.

O Flamengo até tinha maior posse de bola, mas só conseguiu ameaçar em um chute de longe de Renato, aos 13. Julio César fez boa defesa. Nas outras duas raras vezes em que o time de Vanderlei conseguiu entrar na área, dois erros. Primeiro, Juan recebeu bom passe de Renato e falhou no cruzamento, aos 20. Aos 23, Diego Maurício cruzou para Diogo, que matou bonito no peito, mas não conseguiu ajeitar o corpo para finalizar. Ainda não era o momento do desabafo. Foi desarmado por Roberto Carlos.
Aos 30, Ronaldo deu mais um presente de grego para o 'parceiro' Vanderlei. O atacante estava sendo vaiado pela torcida do Flamengo desde que pisou no gramado do Engenhão. A cada toque do Fenômeno na bola, os rubro-negros chiavam. Não esquecem o acerto dele com o Corinthians, em 2009, depois de ter passado três meses em recuperação na Gávea declarando-se rubro-negro de coração. Mas o atacante não ligou a mínima. Aproveitando bobeira de Welington, o único que dava condição de jogo ao Fenômeno, o atacante recebeu de Bruno César e, livre, não perdoou: 1 a 0. Foi o terceiro gol do atacante no Brasileirão, o primeiro com bola rolando (os outros foram de pênalti). Na comemoração, punhos cerrados e braços para alto na direção dos corintianos.

O gol deu tranquilidade ao Corinthians, que passou a tocar melhor a bola. O Flamengo passava a errar cada vez mais. Quando voltou a levar perigo, a jogada terminou de maneira estranha: bola nos pés de Willians dentro da área adversária, expectativa de um bom momento ... mas não valia mais nada. O árbitro havia apitado o fim da etapa assim que Juan armou o passe para o volante. Os jogadores do Flamengo não economizaram nas reclamações.

Vanderlei muda esquema e Fla melhora na etapa final

No intervalo, Vanderlei desistiu do DDD. Tirou o apagadíssimo Deivid e colocou Marquinhos para fazer as ligações. E o reserva teve estrela. Na primeira jogada, cobrou escanteio, Renato desviou no primeiro pau, e Diogo completou para a rede. Era o fim de um jejum de gols que durava 12 jogos, o maior de sua carreira, segundo o próprio atacante.

A (pequena) torcida rubro-negra cresceu no Engenhão. E o time foi no embalo. Mas os gritos foram rapidamente abafados por uma cobrança de Bruno César no travessão, aos 10. O segundo tempo era muito mais emocionante.

Assustado, Vanderlei tratou de tentar corrigir outro problema do Flamengo. Willians, em noite praticamente nula no que diz respeito a passes certos, foi trocado por Correa. O time ficou mais lento na marcação, mas Tite não explorou esse ponto fraco. Suas primeiras medidas foram tirar Iarley e Bruno César para as entradas de Danilo e Paulinho, dando a impressão de que o empate estava de bom tamanho.

Mas quando se esperava um recuo, aconteceu o contrário. Aproveitando o cansaço do adversário, o Corinthians passou a avançar mais. Elias ganhava mais liberdade. Jucilei também. Aos 35, ele driblou Léo Moura e deu bom passe para Danilo, que só não marcou porque foi travado na hora do chute.

Aos 40, Ronaldo teve a chance de calar de vez os que levaram travestis ao Engenhão para provocá-lo. Em uma arrancada como nos velhos tempos, partiu para cima de Maldonado com fome de gol. Mas a idade pesou. O físico também. Ronaldo tropeçou no gramado e caiu sozinho. Rubro-negros deram aquele sorrisinho de canto de boca. Mesmo tendo como dono de sua camisa 9 um Val Baiano que só foi notado em rasteira aplicada em Elias aos 42.

No fim, Renato ainda teve a grande chance da virada, mas Chicão conseguiu amortecer o chute com um carrinho salvador, facilitando a defesa de Júlio César. Fim de jogo, fim de mais um capítulo da nada monótona história de Ronaldo no Corinthians contra sua ex-paixão.

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