O DESCONTROLE DO LÍDER



América-MG 2 x 1 Corinthians: uma partida impossível de diferenciar o último do primeiro colocado do Campeonato Brasileiro. A tabela teoricamente mais suave na reta final e a expectativa natural pelo título têm minado sistematicamente o controle emocional do time de Tite, extremamente instável diante da pressão, apesar de permanecer na ponta.

A intranquilidade mantém os jogadores exageradamente presos ao seu desenho tático, transformando embates de elencos desiguais em ruindade única. É o primeiro sintoma do problema: produz automatismo enganoso, improdutivo e desnecessário. Cada um cumpre sua missão desastrosamente, desembocando em um pífio futebol coletivo. Não se ganha campeonato assim, sem tomar o controle da partida, sem assumir responsabilidades, sem dizer 'eu quero', 'eu posso', 'eu faço'.

Com os nervos fora do lugar durante a maior parte da competição, o Corinthians não tem conseguido simplificar sua tarefa. O time não arrisca, escora-se em passes de três metros e em cruzamentos medrosos, cuja finalidade é transferir a responsabilidade ao companheiro.

Mesmo em um campeonato como o Brasileiro, a tese do equilíbrio entre as equipes não serve para explicar a turbulência. Afinal ainda deve existir alguma diferença entre o primeiro e o último colocado. Com os nervos amarrotados, Liedson e Danilo preferem se distanciar da zona de decisão. Estão sempre por perto, mas nunca lá.

O América, para quem não conseguiu distinguir, é o lanterna e abriu o placar com uma penalidade inexistente, assinalada pelo árbitro gaúcho Jean Pierre Gonçalves Lima. Esse tipo de erro faz toda a diferença, pode decidir campeonatos, mas se o Corinthians agarrá-lo como desculpa vai apenas continuar se enganando e transferindo, mais uma vez, a responsabilidade pela própria incompetência. Sem analisar os verdadeiros motivos dos constantes apagões.

Parecia o roteiro da partida contra o Avaí. Logo de cara o Corinthians apresentou sua dificuldade em fazer valer as diferenças mostradas pela tabela e misturou-se à crise alheia. É verdade que, desta vez, a contusão de Alex, aos 15 minutos, ajudou a minar o meio de campo. Trata-se de um tipo híbrido, arma o jogo pela faixa central e retorna para se incorporar à marcação dos volantes.

Émerson, o substituto, é atacante, deixou o setor vazio, sem armador e fragilizado na marcação, com Danilo e William rabiscando o desenho do óbvio pelas beiradas do campo. Após o fracasso, Tite tentou explicar os motivos do péssimo resultado, apenas a quinta vitória do América em 33 partidas. Foi cuidadoso ao falar da questão emocional, mas sabe que o problema está aí.

O empate ainda no primeiro tempo caiu do céu. Do céu porque o Corinthians fazia muito pouco por ele, até Émerson ser agarrado na área. Tite não tem conseguido resolver os problemas durante o intervalo porque a questão psicológica se sobrepõe às demais.

O time só voltará a funcionar técnica e taticamente quando recuperar o equilíbrio. Mesmo assim, os tropeços e o sofrimento dos demais competidores têm mantido os corintianos na disputa pelo título.

Cofre cheio. Sem poder utilizar o Independência, interditado por lentas reformas, o América indicou três estádios como palco de seus jogos no Brasileiro, entre eles o Parque do Sabiá, em Uberlândia. Contra o Corinthians, apenas exerceu o seu direito de escolha, espertamente calibrado para faturar com um patrimônio que não possui: uma torcida com dimensão nacional e animada pela possibilidade de conquistar mais um título nacional. Não deveria ser assim, mas enquanto existirem times sem teto pode acontecer na hora H.

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