BRASIL É 1º NO SURFE COM MINEIRINHO

Assim como um bom mineiro, Adriano de Souza derrotou o australiano Taj Burrow na final do Rio Pro e conquistou pela primeira vez a etapa brasileira do Circuito Mundial. O país, pela primeira vez na história, está na liderança do ranking.

O australiano Joel Parkinson, então vice, chegou a assumir a ponta depois da eliminação do americano Kelly Slater, agora terceiro. O sul-africano Jordy Smith caiu para quarto.

- Não tenho palavras para dizer agora, só muito obrigado. Ao meu patrocinador, aos meus fãs, que ficaram comigo desde o início. Eu hoje defendi o sangue do Jadson (André), que foi campeão no ano passado. Kelly (Slater), Joel (Parkinson), Taj (Burrow)... são todos grandes surfistas. Mas, se os caras caírem, eu vou tentar o meu melhor - disse, entre lágrimas, o brasileiro.

Mineirinho passa por baterias e se sagra campeão na Barra

O Circuito Mundial de surfe começou em 1976, ano em que Pepê Lopes conquistou o Waimea 5000 nas ondas do Arpoador. Nesse tempo todo, o melhor resultado de um brasileiro no ranking tinha sido do próprio Mineirinho, quando o paulista do Guarujá abriu o ano com um vice na Gold Coast, em 2009. Mas é de Victor Ribas a melhor campanha em uma temporada inteira: terceiro em 1999.

Mineirinho tinha batido na trave em 2009, quando perdeu a final em Imbituba para Kelly Slater. Naquele mesmo ano, conquistou sua primeira vitória no Circuito Mundial. Nas ondas de Sopelana, pico alternativo à mítica Mundaka, no País Basco.

Houve quem dissesse que a Barra estava com cara de Mundaka. O americano Bobby Martinez, bicampeão da etapa do País Basco, abriu bem o dia, eliminando o compatriota Damien Hobgood. Depois, porém, caiu diante de Taj.

Logo depois, o francês Jeremy Flores derrubava Joel Parkinson, então líder do ranking. O campeão do Pipe Masters vinha de uma derrota amarga, na quarta fase, quando o aussie tirou 9,73 nos últimos segundos. Jeremy bateu Parko, mas não conseguiu parar Taj.

Do outro lado da chave, Mineirinho ia passando aos trancos e barrancos. Na primeira do dia, viu o taitiano Michel Bourez machucar o ombro e desistir da disputa. Mesmo depois de o adversário sair da água, ele continuou lá até o fim dos 30 minutos.

Na bateria seguinte, contra Owen Wright, teve de esperar mais do que o tempo do confronto. Somente quando estava no palanque soube o resultado: um vitória apertada e polêmica. O australiano precisava de 6,71 e tirou 6,60. Sua primeira onda, bota 7,50, tinha sido similar.

Um pouco antes, Taj Burrow dava mais um show. Depois passar por Bobby Martinez, carrasco de Kelly Slater, mandou para casa Jeremy Flores, responsável pela eliminação de Joel Parkinson. Na primeira bateria do dia, tirou 9,33 e 6,93. Na segunda, 8,60 e 7,67 para mandar o pequeno príncipe francês, campeão do Pipe Masters, de volta para casa.

Para ir à final, Mineirinho venceu uma bateria fraca contra o aussie Bede Durbidge, carrasco de Raoni Monteiro na repescagem e campeão em Imbituba em 2008. Sem ondas boas, os dois fizeram um duelo emocionante, mas o brasileiro levou a melhor.

Na final, Mineirinho começou atrás, após boa onda de Taj Burrow (7,00). O brasileiro, no entanto, conquistou três séries de boas manobras em sequência (6,50; 8,00 e 7,63) e tomou a liderança. O australiano, que iniciou a bateria com tranquilidade, aguardando as melhores oportunidades, passou a arriscar mais. Mas não adiantou. Sob os gritos da torcida na areia, o brasileiro, emocionado, levou as mãos ao rosto e chorou, sem acreditar: era campeão do Rio Pro.

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