SANTOS SAGRA-SE BICAMPEÃO PAULISTA EM CIMA DO CORINTHIANS
Foi dramático, como final normalmente é. Chuva fina, campo molhado, falhas de goleiros. Nervosismo, tensão e, finalmente, explosão. O Santos é bicampeão paulista. Um título histórico, o primeiro conquistado em uma decisão de fato na Vila Belmiro. E mais especial ainda para os santistas: em cima do Corinthians! A vitória por 2 a 1, neste domingo, deu ao Peixe seu 19º título estadual e confirmou a vocação vitoriosa da nova geração de Meninos da Vila, liderada por Neymar.
O primeiro tempo foi do Santos. Não por acaso, o time da casa abriu o placar aos 16 minutos, com Arouca. Ele mesmo, o volante que não marcava desde o dia 30 de outubro de 2008, quando garantiu a vitória do Fluminense sobre o Figueirense, por 1 a 0, no Campeonato Brasileiro. Durante a semana, o volante chegou a dizer que sonhava marcar seu primeiro gol com a camisa branca numa final de campeonato. Profecia realizada.
Antes desse gol, o Peixe já havia chegado perto aos sete minutos, em um chute cruzado de Léo. O Corinthians, embora tivesse mais a bola, tinha dificuldades para criar jogadas. Liedson, isolado, saía demais da área. Jorge Henrique e Dentinho mal foram vistos em campo, presas fáceis para a ótima marcação santista. Aos 20 minutos, preocupação para o Santos. Jonathan correu para fazer uma cobertura e sentiu uma fisgada na coxa direita. Foi substituído por Pará. O nível do time não caiu.
Adriano, leão de chácara da zaga praiana, não deixou Bruno César em paz. Ganhou todas as divididas e mostrou rapidez de raciocínio nas antecipações. Com isso, o Santos passou a criar muitas chances. Aos 34, Arouca acertou a trave com uma bomba de pé direito, aproveitando rebote numa cobrança de escanteio. Acuado, o Corinthians apelava para chutões em direção da área. Sem sucesso. Tanto que Rafael terminou o primeiro tempo sem praticar defesas difíceis.
A marcação santista era eficiente também porque Alan Patrick e Zé Eduardo voltavam para batalhar a bola, dando um refresco aos volantes. Neymar, mais à frente, driblava de um lado para o outro e dava bons passes, como o que acertou aos 39 para Alan Patrick. A bola veio por cima e o meia tentou completar de primeira. Mandou por cima do gol.
Na arquibancada, os torcedores do Santos empurravam o time criando um ambiente que misturava alegria e tensão. Os corintianos, em minoria, chegaram a se calar no momento do gol santista, mas passaram a cantar, empurrando o time para a virada. Era o Peixe, porém, quem estava mais perto do segundo.
Aos 43, Neymar apareceu livre pela esquerda. A zaga corintiana parou pedindo impedimento. A arbitragem mandou o lance seguir. O astro santista chegou de frente para Julio Cesar e não conseguiu concluir bem. Tentou um chute no vácuo, no estilo do palmeirense Valdivia, balançou o corpo, mas o camisa 1 do rival se manteve parado. Numa última tentativa, Neymar buscou o vão entre as pernas do corintiano, mas errou o alvo. A bola bateu no adversário e saiu.
Novamente, o Corinthians passou a maior parte do tempo com a bola na etapa complementar. Rondou mais a área santista, trocou mais passes, mas tinha extrema dificuldade até para dominar a bola. Jorge Henrique não conseguia se aproximar de Liedson, que, sozinho, lutava no meio dos defensores santistas. A única chance mais clara para a equipe visitante saiu aos 14 minutos, quando Willian pegou rebote da zaga e emendou um tiro forte de direita. Rafael espalmou para a frente. Durval completou o corte.
O Santos, retraído, tentava encaixar um contra-ataque. Faltava, porém, alguém para acertar o passe final. Alan Patrick não conseguia dar sequência aos lances. Neymar, sozinho à frente, corria de um lado para o outro, só via a bola chegar pelo alto. Elano, que poderia armar, estava atuando como volante. Na única vez que o craque conseguiu dominar a bola, levou perigo. Ele recebeu pela esquerda e veio cortando para o meio. Rolou para Elano, que entrava livre. O chute, rasteiro e cruzado, foi para fora.
O jogo se tornava perigoso para o Santos. Preso demais lá atrás, a equipe de Muricy Ramalho apenas se segurava. A chuva apertou, o que deu uma maior carga de dramaticidade à partida.
À medida que o tempo passava, a pressão corintiana aumentava. O Timão se lançava inteiro para o ataque, abrindo enormes espaços para o Peixe revidar. Os atacantes do time da Baixada, porém, estavam extenuados. De repente, Neymar. Aos 38, ele recebeu pela esquerda, arrancou em velocidade. Mas, cansado, arrematou bem fraco. O chute, rasteiro e colocado, morreria fácil nas mãos de Julio Cesar. No entanto, o goleiro, em um lance de extrema infelicidade, deixou a bola escapar. Ela demorou eternos segundos para ultrapassar a linha, caprichosa, dramática, para fazer a Vila Belmiro explodir.
A torcida santista já gritava "é campeão", mas o jogo ainda não havia acabado. Aos 41, foi a vez de Rafael falhar. O goleiro, que estava seis jogos sem sofrer gols, saiu mal e Morais aproveitou, diminuindo a vantagem santista. Não havia tempo para mais nada porém. O Alvinegro se segurou lá atrás e esperou o apito final para comemorar o título.
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